Aliás, a Gente Precisa Conversar





Tenho te percebido diferente, mas está tudo bem.
É que eu sei bem como é sentir medo do futuro.
Sei como é estranho a gente sair da nossa tal “zona de conforto” pra começar a arriscar em algumas coisas, e nesses momentos a gente nem pensa nas chances de darem certo, só nas de darem errado. Isso é medo.

Não é por falta de vontade é por medo mesmo.

Tipo, não que a gente não queira fazer algumas coisas,
pois queremos até demais, o negócio é que a gente tem medo de sofrer de novo e ter que recomeçar. De trocar o nome na agenda do celular. De não mais passar por aquela rua de sempre.

A expectativa pelo novo coloca a mão em nosso ombro como se falasse: “Você está mesmo pronto?”. E sentado ao outro lado da gente está uma coisa chamada lembrança e muitas vezes apelidada de saudade. Nossa cabeça vira uma confusão entre tudo que a gente acaba lembrando sem querer e tudo que a gente sente falta e não conseguimos esquecer. É uma vida sem manual.

Talvez eu possa te ajudar se você quiser.
Eu não sei muito bem um monte de coisas, mas o pouco que sei de algumas me faz alguém capaz de te segurar quando você estiver caindo.

Já é tão delicada de construir, não deixa que o medo impeça de cultivar confiança em mim.

Eu não consigo prometer que não vou te fazer sofrer.
Afinal, posso fazer sem perceber, vai saber. Mas se é de promessa que você precisa, posso te tranquilizar que os meus esforços pela gente serão focados em te fazer rir, e assim, poderei rir também.

A gente sabe o momento que começamos a deixar de gostar de alguém, mas nunca saberemos quando começamos.
Até pode rolar aquele “Tudo começou naquele dia!”, mas não há precisão, há especulação.

É que essas coisas não são tão certeiras assim, pois se fosse, a gente poderia acordar repetindo: “Hoje eu vou gostar de alguém!”.
Vale repetir, no entanto.

O amor nasce exatamente no intervalo de um piscar de olhos.

Também não dá pra dizer que a gente consegue fazer coisas pra gostar de alguém.
Absolutamente tudo tem a ver com a fase que vivemos.
Perdi as contas de quantas vezes fui a pessoa certa na hora errada mas doeu muito mais todas as outras em que fui a pessoa errada na hora certa. É que dói muito gostar e não poder.

Infelizes são aqueles que vivem fazendo coisas na tentativa de doutrinar o mundo aos próprios caprichos. Tipo, gente que se comporta de acordo com a conveniência do momento, com o objetivo de chamar a atenção, de ter algum tipo de destaque. Isso aí não é uma felicidade saudável. Ok, vai ter gente interessante que vai gostar da roupa da moda que estiver vestindo, mas você precisa mesmo é de quem goste de você sem roupa. Por isso, não faz sentido ter preciosismos por padrões, se a pessoa é linda de morrer ou se é popular, se tem um ou outro quilo a mais ou se é sarada de academia, faz sentido se a pessoa – seja quem for – perceber que o que te faz dormir melhor é uma conchinha preguiçosa antes do filme acabar.

Me deixa gostar de você.
Me deixa pegar na sua mão, ser gentil e pagar a conta toda um ou outro dia, enquanto eu tiver vale-refeição. Me deixa te mostrar algumas coisas legais de viver e eu te deixo me ensinar algumas das suas preferidas.

Eu não sei se você é quem eu sempre quis.
Até porque eu já quis tantas pessoas diferentes nessa vida, assim como todo mundo, a gente quer uma coisa nova por dia. Mas eu sei que pelo menos agora eu vou gostar de poder chegar em casa e te mandar mensagem que cheguei.

Também não sei se sou quem você sempre quis.
Não tenho tanto dinheiro pra gente viajar, mas vez ou outra dá pra gente montar uma barraca na sala e fingir que estamos acampando.

Olha aqui, não precisa ter medo.
A gente não sabe de nada nessa vida, a gente só sente.
E é tão bom quando podemos permitir que os nossos sentimentos falem mais alto, né?
Não precisa se preocupar comigo, não precisa se preocupar em me magoar,
eu quero você hoje comigo desde que você queira isso também.
E eu vou te respeitar se mesmo depois dessa conversa você ainda sentir medo.
E também vou ter que dar de presente um boneco do Chuck, aquele dos filmes, pra você sentir o que é medo de verdade.

A gente tem que ter medo de verdade, não medo da verdade.

Sobre o Autor: Márcio Rodrigues, 25 anos, vegetariano, guitarrista da banda Dinamite Club, gosta de chocolate branco, cappucino e de escrever também.  Adora as pessoas! Ou melhor, adora observar as pessoas. Resolveu criar um blog, com o absolutamente humilde e despretensioso objetivo de estimular a visão não-convencional dos momentos, através dos textos que escreve lá. Para ler mais textos do autor acesse o blog: Um Travesseiro Para Dois

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